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08 maio 2007 

A nova França


Confesso que, se estivesse no lugar dos franceses, teria dificuldade em decidir. Era a proverbial escolha entre um mal menor. Mas certamente hesitaria pouco entre Segoléne Royal, herdeira de um partido à deriva, e Nicolas Sarkozy, um homem cuja eleição gerou aplausos de pessoas de duvidosa qualidade, como George Bush ou Durão Barroso. Um digno representante do novo conservadorismo, cavou as trincheiras da campanha à volta dos temas da segurança, emigração e da rejeição da Turquia na União Europeia. Alguém que descreve a França como "um país secular e cristão". Determinado a que os emigrantes aprendam a história francesa e que, quando ministro, descreveu os habitantes dos subúrbios de Paris como "escumalha". Compreendo a popularidade do senhor Sarkozy dentro de alguns sectores de uma sociedade tão orgulhosa como a francesa. Mas há muito que deixaram de guiar o mundo a nível político ou económico. Foram devastados por duas guerras e têm um sistema político que pouco mudou desde Charles de Gaulle.


É certo que existem valores pelos quais as pessoas facilmente prescindem da liberdade. A segurança, emprego, comida no prato. Mas cada vez que o fazemos é um passo atrás nas conquistas da democracia. Esta foi apenas mais uma prova de que a França há muito deixou de estar na vanguarda do pensamento político. Nesta altura é apenas um barco à deriva, que procura um comandante que saiba tapar os furos, antes que a tripulação vá ao mar.