Quer-me a mim parecer que o Governo anda a tentar que os portugueses se esqueçam das promessas quebradas de não aumentar impostos tentando aumentar tudo o mais que possa subir. E já nem se preocupa muito com as desculpas que dá. Vejamos o caso da subida do preço da taxa moderadora anunciada hoje pelo secretário de Estado da Saúde.
Vamos começar pela repetida e estafada desculpa, já usada pelo PSD, do número de falsas urgências que chegam aos hospitais. Agora o secretário de Estado veio com um estudo que oficializa a coisa com números. Segundo a dita estatística, 40% das consultas que chegam aos hospitais e centros de saúde são falsas urgências. Será que o estudo feito de encomenda pelos nossos governantes diz quantos dos pacientes, na maioria idosos, tem o curso de medicina e sabe fazer auto-análise? E será que o dito documento tem um anexo em que explica o tempo que demora um destes pacientes ter uma consulta pela maneira tradicional?
Para além desta maravilhosa argumentação, surge uma que será uma tentativa olímpica de ver quanta balela consegue engolir o sereno povo português. Diz o secretário de Estado que o Governo aproveita para fazer uma subida de 23% para actualizar o custo da taxa. O estranho é que a inflação está nos 2,3%. Será que o Governo de Sócrates está a sofrer do mesmo síndroma que o executivo do futuro presidente da República, Cavaco Silva? Quem sabe o problema não está no aumento. Está na vírgula.
P.S: Em reacção a esta notícia ouvi a já mítica deputada do CDS/PP Teresa Caeiro comentar que esta medida ia prejudicar principalmente a classe média. Que vergonha, menina Tekas... O que diria a sua avó se recebesse de reforma o que recebe a minha?