17 agosto 2010 

Espero que saibas



Espero que saibas
que não estou a pensar em ti.

01 março 2010 

Movin' on



Continuo a olhar para a linha do horizonte. Continuo à tua procura. Mas tu não estás lá. O que encontro é (e esta é a parte irónica) paz interior e harmonia.

13 fevereiro 2010 

Melancolia

Ela acende o cigarro.
A chama dança e ilumina

No olhar a tristeza de não seres tu
Quando lhe pergunto

Porque é que nenhuma pele
é igual à tua pele

Porque são as tuas palavras
que decoram as paredes da minha memória

Porque é a tua boca
que puxa a minha respiração

Porque o mar, que é infinito,
me recorda sempre de ti.

31 janeiro 2010 

M.


O vento solta-se
e dá forma à tua ausência.

Entro e saio
do Grande Coração Uno

Não mais lutando
para ser livre.

18 janeiro 2010 

O último bom dia do ano

Segundo a estatística este é o dia mais deprimente do ano. Aqui fica a minha homenagem:

 

A noite

No final de contas, o que te trama é o desejo. É ele que desfaz todos
os planos que cautelosamente planeaste. Aparece pela noite e sobe
pelos teus ossos. Aperta o teu peito e sustém a respiração. Arrepia-te
a pele e mantém-te de olhos abertos. A ver algo que não está lá.

De repente, é tudo o que tu és. É tudo o que tu pensas. Mantém-te
preso em casa, enquanto o mundo corre lá fora. Cria-te imagens,
preenche os sonhos que consegues ter.

Tem um cheiro, esse desejo. Cheira ao mar. E a transpiração. Cheira à
tua boca. Cria uma forma no ar do teu quarto. Que moldaste com a ponta
dos dedos. Que abraçaste e não quiseste largar. Era um ouvido onde
suspiraste. Onde prometeste tudo o que não podias cumprir.

É doce e é amargo. Foge de dia, mas regressa com a Lua. É um produto
da tua imaginação e a realidade mais palpável que conheces. E volta,
com o fim da luz. Para te quebrar o coração. Uma vez mais.

No final de contas é o que te trama. Este desejo. O que te desfez
todos aqueles planos. Sei que o conheces. Tão bem quanto eu.

Senão não estarias acordada. Mais uma vez. Cobrindo o peito com os
lençóis. Olhando para o vazio. A ver algo que não está lá.

30 junho 2008 

Fado

Diz-me o porquê dessa canção tão triste
Que me diz não vir de ninguém
Decerto alguma coisa tu pediste
A essa voz que tu não sabes de onde vem

Diz-me o porquê dessa canção tão triste
Me fazer sentir tão bem
Decerto alguma coisa mais te disse
A mesma voz que não dizes a ninguém

Eu sei que tudo ser em vão é triste
Como é triste um homem morrer
Pergunta à voz se essa canção existe
E se ela não saber ninguém mais vai saber

Diz-me o porquê dessa canção tão triste
te fazer sentir tão bem
Decerto eu oiço a voz que tu ouviste
Talvez tu saibas de onde vem

01 abril 2008 

Ainda choca

Não é novidade, mas aquilo que todos sabemos fica aqui concretizado em números:

"Numa década, o fosso entre o rendimento das famílias mais pobres e mais ricas duplicou. Em 2006, segundo dados divulgados ontem pelo INE, o rendimento médio anual dos agregados familiares 10% mais pobres foi de cerca 6.650 euros.

Um valor 8,9 vezes inferior aos 59.282 euros que, por ano, foram ganhos pelos agregados incluídos na fatia das 10% mais ricas. Há dez anos a diferença era de apenas 4,6 vezes, ou seja, quase metade.

Portugal está hoje mais rico e mais competitivo do que há dez anos, mas está também mais desigual, uma tendência que se agravou e que quebrou a aproximação registada durante os anos 80. "

Fonte: Jornal de Negócios

É curioso que esta notícia saia no mesmo dia em que se sabe que a banca pagou menos 30% de impostos no ano passado que em 2006. Isto apesar do aumento de lucros de 9%.

É só um exemplo das injustiças. A (péssima) distribuição da riqueza continua a ser o maior problema do mundo. E Portugal continua a mostrar esta tendência para o aumento da desigualdade. Este é o resultado da sociedade de consumo. De não saber até quanto realmente se precisa. Do ter só pelo ter. E até haver uma mudança histórica, só me parece que este fosso vai continuar a aumentar. E com ele a escravatura do ordenado baixo, da precariedade e do endividamento crónico.