24 outubro 2006 

The return of the ladies man


É o regresso de um dos maiores operários da poesia moderna. Demorou 20 anos a sair da gaveta o novo livro de Leonard Cohen. Chama-se "Book of longing" e é uma colecção de 167 poemas e mais de 40 gravuras. Fui agora buscar o livro ao correio e tirei-o do envelope. Abre com um dos mais magníficos prefácios de sempre. Lê assim:

I never got rich.
I never found the girl.
Follow me.

E eu, claro que sigo.


 

O Estado das Coisas

Às vezes são estas as notícias que escapam ao imediatismo e à necessidade de algum espectáculo e indignação, do género que dá audiências. Mas são das que realmente importam e que fazem o verdadeiro retrato dos males de que sofre a nossa pequena pátria à beira-mar plantada. (Às vezes penso que está mais plantada que à beira mar).
O Governo do Engenheiro Sócrates decidiu perdoar a dívida de IRS e IRC da banca relativa a retenções na fonte sobre juros nos investimentos que as pobres famílias Espírito Santo e Mello e afins fizeram no estrangeiro. A verdade é que o senhor ministro das finanças nem deve saber quanto dinheiro está envolvido. A larga maioria destas transações são feitas para contas bancárias em paraísos fiscais como as ilhas Caimão (cito só o caso do Montepio). A justificação do doutor Teixeira dos Santos é a de que os bancos agiram de boa fé quando não fizeram a retenção na fonte. Mas que para a próxima estão avisados. Até Dezembro levam isenção do fisco, mas depois já levam tau tau...
Isto na semana em que os bancos anunciaram lucros de centenas de milhões de contos feitos em apenas nove meses. O BES mais de 300 milhões de contos. Um aumento no lucro de mais de 40%. No total do bolo, os lucros dos maiores bancos portugueses é superior aos mil milhões de euros. Serão eles que merecem uma abébia do doutor Teixeira dos Santos?
Com que cara vem depois o nosso ministro dizer que está a lutar contra a evasão fiscal e que não podemos tolerar caloteiros? Como virá ele falar em justiça social?