Tenho para mim que as eleições autárquicas são uma verdadeira montra do pior que este país tem para mostrar. É um autêntico arraial daquilo que se poderia chamar saloio ou castiço, mas que na verdade é triste porque o que se está a decidir é o futuro da gestão das cidades ou vilas. São as visitas quadrianuais dos líderes partidários às feiras, mercados e comícios em pavilhões escolares, onde se come a feijoada com batata da região e o pãozinho caseiro da dona Adelaide ali de Rojões de Cima. E lá estão os doutores da Assembleia, de que o povo gosta muito e dá cá uma esferográfica, ou então a receber pacientemente o discurso do poleiro e a garantirem que eles são diferentes, que a culpa é dos outros.
Pior ainda é a corrupção e os corruptos. Este ano conseguiram bater todos os recordes, também abençoados com o gosto populista dos telejornais, que aproveitam as escandaleiras para fazer dinheiro à custa de uma cambada de figuras sinistras "suspeitas" de roubarem o dinheiro dos nossos impostos para construir vivendas e o poder que têm para a pôr no sítio com melhor vista. Incluíndo uma macabra criatura chamada Avelino Ferreira Torres, que foi mesmo condenado em tribunal por desvio de dinheiros públicos e abuso de poder. E continua a concorrer às câmaras municipais e vai provavelmente ganhar. Ou Fátima Felgueiras, a autoproclamada "primeira exilada política" de Portugal.
E para quem achava que nas grandes capitais ia ser melhor, o nível desceu bem baixo e bem cedo. Carrilho e Carmona no banco da frente, seguidos de Rio e Assis a acusarem-se mutuamente de serem arruaceiros e peixeiros, depois daquelas memoráveis cenas de pancadaria no bairro de Aldoar. Cenas que só vieram provar que ou Rio é muito impopular nos bairros sociais ou os partidos resolver usar a violência física como arma política.
Enfim, como diriam os romanos: "Sic transit gloria mundi"