Quanto mais o tempo passa, mais sinto simpatia pela figura de Carmona Rodrigues. Agora então que ele é arguido, sinto-me invadido por uma compaixão digna de um bom católico. Cada vez que vejo o senhor a fugir dos jornalistas que o perseguem implacavelmente, ou a dizer que não vê razão para abandonar o cargo, lembro-me daqueles meninos que sabem que o jogo acabou, mas continuam a correr com a bola porque querem continuar a partida. Quanto mais foge, mais Carmona vislumbra ao longe a realidade. E mesmo ao fundo, no canto do olho, vê a saída airosa que deveria ter tomado há pelo menos três meses. Mas lá vai ele, correndo com a bola, deixando os meninos mais velhos zangados. Sabendo perfeitamente que, quando a bola voltar às mãos deles, nunca volta a jogar naquele pelado. É tão pateta que cria simpatia.
P.S: Escrevo isto após ouvir uma entrevista do presidente à Rádio Capital. Uma conversa light sobre estilo de vida. Carmona diz que a música que mais o marcou foi a versão da Amália de "Foi Deus". Penso que, dentro de pouco tempo, vai ouvir o povo de Lisboa a cantar-lhe uma versão de "Fodeu-se".