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Há muito tempo que não me lembrava dum autor me deixar assim. De pegar num livro e relê-lo. Só pelo prazer das palavras. Encontrei-o há pouco.
É difícil explicar o fascínio exercido pela escrita do Murakami. É simples e ao mesmo tempo complexa. Fala de personagens que poderiam parecer desinteressantes. Gente que vive só, ao redor de multidões. Vive entiada com o emprego. Desligada das emoções por anos de rotina.
E nesta vulgaridade entra o mágico e o surreal. Carneiros milenares, gatos que falam, soldados fugidos da guerra que não envelhecem ou cidades ondes os desejos se realizam das formas mais solitárias. E como em todas as boas histórias fantásticas, mais importante que o destino é a viagem.
Não há maneira de explicar o fascínio que me prende às páginas do Murakami. São as parábolas da existência moderna. É a escrita elegante na simplicidade. É o ressoar da alma.
Resta dizer que se aconselha vivamente.