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20 março 2006 

Notas de fim de semana

Este fim-de-semana aconteceu mais uma manifestação em França. A mais organizada e provavelmente a mais significativa de todas. 400 mil pessoas juntaram-se só em Paris para protestar contra a nova lei do primeiro emprego, que permite ao patrão despedir um jovem até aos 26 anos, durante os primeiros dois anos de contrato, sem dar justificação. Maior responsabilização por parte do trabalhador, diz o Governo. Um assalto aos direitos sociais, gritam sindicatos e estudantes universitários, com medo do futuro. Um reflexo da globalização, digo eu. Os mercados abertos e globalizados não geram só competição nos preços e qualidade dos produtos. Gera o mesmo efeito no mercado de trabalho. Os jovens franceses (ou europeus, que o assalto é global) são as vítimas das políticas de trabalho esclavagistas e criminosas da China ou da Índia. A França, que sempre foi uma espécie de laboratório de cidadania, é o primeiro país europeu a reagir contra esta lenta ruína do Estado social contra a economia de mercado, a vaca sagrada das democracias ocidentais. Uma competição que não só não gera igualdade de oportunidades, mas um terreno onde vale tudo para continuar na luta...

Depois da eleição dum presidente que praticamente os desprezou, os partidos de direita estouraram de vez. Marques Mendes, no congresso mais morno da história do PSD, dá o dito por não dito e para se agarrar à liderança, já está a favor da eleição directa do presidente do partido. Com a manha de muitos anos de política, vai marcar eleições o mais rapidamente possível para valorizar as vitórias nas autárquicas e presidenciais. Em 2009, no próximo congresso, mais perto das legislativas, vai arrepender-se. Não é talhado para o populismo, tem má imagem, não tem espaço de oposição e já se preparam nos bastidores as candidaturas de Luís Filipe Menezes, Santana Lopes e até António Borges. Marques Mendes vai estar sentado num ninho de cobras durante os próximos 3 anos.

No CDS/PP pós-PP as directas não deram legitimidade a Ribeiro e Castro. Um líder que é o oposto de Paulo Portas. Discreto, sereno e sem punho. Um conservador de velha guarda. Perdeu a paciência com os imitadores de César que lhe sobraram da bancada parlamentar e é obrigado a ouvir verdadeiras atrocidades. Hoje foi o limite com o chefe de bancada, o lendário Nuno Melo, a acusar o presidente de só fazer disparates para logo se contradizer ao afirmar que não há problemas no partido, que ele diz não ter rumo. Depois vem Pires de Lima, uma personalidade que nitidamente deveria largar a política, ao dizer que Ribeiro e Castro deve tornar o CDS/PP num partido sexy. Partido sexy? Desculpa lá, ó Pires, mais sexy que o vosso Governo impossível. Não me lembro duma altura em que o povo português tenha sido tão f&#@do. Haja pachorra, amigo Ribeiro e Castro...