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28 março 2006 

A mania dos directos

Com mais um caso judicial polémico a chegar à barra dos tribunais (o do tráfico de armas), voltou a mania dos jornais televisivos de fazerem directos à porta do TIC. Confesso que já sentia saudades de ver um jornalista de plantão à porta do Tribunal para me dizer de hora a hora a mesma coisa, excepto quando os advogados e juízes ausentam-se para almoçar. Ainda me lembro da célebre pizza que Carlos Cruz comeu enquanto era interrogado... Oh senhores directores de informação, será que o tempo de antena não devia ser uma coisa sagrada, que deveria ser usado com parcimónia e tendo em vista a utilidade para o cidadão? Mas o que me interessa a mim saber da azáfama das pessoas que passam pela Estefânia ou onde os advogados vão comer o prego no pão? Haja bom senso!
Isto para não falar da TVI, que nitidamente é facciosa para o lado do Benfica, e em troca recebe brilharetes como os directos do autocarro encarnado enquanto vão para o treino... Qual terá sido o critério jornalístico nesta situação? A urgência de saber o que o Simão Sabrosa estava a ouvir no leitor de mp3?

A nossa televisão é um espelho da nossa sociedade...

Desde sempre se disse que "o povo quer é pão e circo!"...ora, com o poder de compra que detemos na actualidade, pouco mais podemos comer que pão, e o circo...bom, o circo é o que vemos! Sensacionalismo puro e duro, turismo mórbido que todos condenamos e, por motivos quiçá do oculto, mantém os shares em valores exorbitantes!

Eu, avessa a jornais me confesso, e deliciada por ser ignorante me assumo. Porque não me sinto obrigada a "parecer bem" e seguir atentamente esses apelidados "desenvolvimentos". E sagradamente às 20h mudo a tv para a 2 e vejo a série "friends" em vez de suportar os episódios diários que os outros 3 canais nos impingem da série "amigalhaços" que se riem na nossa cara enquanto fazem o que querem...

Não posso ainda deixar de mostrar o meu apreço à Tvi que, no fundo é a Tv que saiu do armário e não receia assumir a sua vertente "popularuxa".

Por fim, mais que saber que músicas ouve Simão no seu Ipod (que Mp3 é coisa de pobre) indago-me eu sobre que jogadores andarão a colar os macacos do nariz debaixo do banco do autocarro. Sobre isso nunca ninguém fala. E eu acho mal!

Tenho dito.

p.s. à imagem dos nossos directos vs programação, não resisti a fazer um comment maior que o post em si ;)

Costumava dizer um antigo camarada meu que a TVI não é "popularucha". Mas que antes, a TVI ia de encontro à maioria da audiência que eventualmente a levou ao topo da televisão portuguesa. Ou seja, confirmava a teoria do pão e do circo.

Mas será que o facto da TVI ser privada e ter em vista nada mais que o lucro tira a responsabilidade à informação de ser isenta? Ou será que vamos continuar a dar uma versão espectáculo e justiceira dos factos? Será que isso credibiliza os jornalistas da TVI ou os seus espectadores, que na maior parte assumem a informação que consomem como verdade absoluta?

A falta de moralização num dos pilares mais importantes da democracia, que é a liberdade de informar, só pode levar a que os políticos surjam com atrocidades de marketing do género das que foram apresentadas esta semana pelo engenheiro Sócrates. Um pacote de 333 medidas de desburocratização chamado Simplex 2006. Parece a versão do ano dum detergente de última geração. Limpa, desinfecta e dá aquele cheirinho a alfazema.

Eu, por mim, estou farto de ser enganadex. Pela politiquex e pela desinformaçãozex.

Tenho dito.

P.S: Por acaso tens razão. O Simão tinha um iPod. E estava a chuchar no dedo...

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