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16 agosto 2005 

A questão iraniana

Depois de no último post já ter falado na questão do Médio Oriente, surgiu mais uma declaração bombástica do presidente dos Estados Unidos que me vai fazer voltar a falar sobre esta matéria. Em entrevista a uma televisão israelita, George W. Bush disse que uma nova guerra na região pode estar em perspectiva, caso o Irão não suspenda o seu programa nuclear.

A invasão do Iraque criou uma grande instabilidade numa área que até era das mais moderadas do Médio Oriente, ao contrário de países como o Líbano ou Israel. Os radicais islâmicos ganham força ideológica junto daqueles que, em Teerão, há poucos anos atrás lutavam por um regime mais democrático. E surge como natural que um país como o Irão reforce a sua posição geoestratégica e militar de modo a evitar a queda do regime, por quaisquer meios possíveis. E esse meio foi a criação de energia nuclear. Um escolha óbvia visto ao tratamento menos hostil que a administração Bush tem com forças nucleares na região, como o Paquistão, outro regime pária que goza do apoio diplomático dos Estados Unidos. Ou até mesmo a Coreia do Norte, um país que já testou armas nucleares e que tem gozado de impunidade da comunidade internacional, apesar dos constantes atropelos aos direitos humanos.

A ameaça militar avançada por George W. Bush só serviu para assistirmos a uma repetição dum filme que já vimos há 3 anos. O Irão levanta o tom das ameaças e arregimenta a população, a Europa e as Nações Unidas fraquejam na busca de uma sempre boicotada solução diplomática e os Estados Unidos fazem prevalecer a sua vontade sobre um dos maiores produtores de energia do mundo inteiro. Tudo isto, numa altura em que o preço do barril de petróleo está perto dos 70 dólares e a recessão económica afecta todos a nível mundial.